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Professora Nirvia Ravena é homenageada na XII Reunião da Associação Brasileira de Ciência Política

No último dia 22 de outubro, a professora doutora Nirvia Ravena (NAEA/UFPA) foi homenageada durante a XII  Reunião da Associação Brasileira de Ciência Política por sua extensa e importante atuação na produção de conhecimento científico na Amazônia e no Brasil.

Leia o texto na íntegra:

 

SAUDAÇÕES À PROFA. NIRVIA RAVENA HOMENAGEADA NA REUNIÃO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIÊNCIA  POLÍTICA

 

Boa noite,

Desejo aos participantes na 12ª Reunião da Associação Brasileira de Ciência Política um evento, na modalidade virtual,  que mobilize  interesses,  debates  e as muito necessárias insurgências  de maneira a fazer jus aos tempos e  emergências de pensar e fazer  a política  neste  quarto de século que em muito nos inquieta e surpreende sobremaneira.

 

Agradecemos em nome da homenageada, da instituição pública, autônoma e gratuita que é a Universidade Federal do Pará pela indicação que se soma aos louros institucionais,  igualmente ao Núcleo  de Altos Estudos Amazônicos,  lócus da formação acadêmica  e  profissional de Nirvia Ravena.   Nesta instituição de ensino e pesquisa  a sua atuação é marcada por reflexões  que  sublinham conexões de políticas públicas para a região amazônica   e Pan-amazônica,  processos  de pesquisa  orientados para compreender  “populações atingidas por barragens”, processos que envolvem a regulação d’água,  tema  de pesquisa abraçado com anterioridade  à  escrita de sua tese e que prossegue  em pesquisas  nas quais busca compreender práticas de organização  na forma  da formação de capital social   e o mais importante  praticas de conservação  de bens comuns.   E, igualmente, somos gratas pela amizade e cumplicidade de mais de três décadas em uma unidade profissional e afetiva, reiterando que as afetividades precisam ser  acalentadas para  manter o fogo da  luta pela vida e a justiça.

 

A decisão da ABCP sublinha o perfil de Nirvia Ravena na construção de uma rede de relações e de uma divisão do trabalho que movimentava engrenagem diversificada e de grupos com os quais ela tem estabelecido uma interlocução profícua.   De certo, é esse diálogo intenso com público amplo apontam suas contribuições e engajamentos temáticos e políticos.   Chamo atenção para o domínio e conhecimento de realidades concretas mediante pesquisas realizadas na região oeste (Santarém) e sul do Pará (Tucuruí e as circunstâncias críticas do megaempreendimento da hidrelétrica de Tucuruí e da privatização das águas do rio Tocantins).  Uma paixão e engajamentos indescritível revela sobre suas pesquisas realizadas no rio Purus, Estado do Amazonas, que impregnam sua prática de pesquisadora e questões profundamente críticas, notadamente diante a força autoritária de políticas de desregulação ambiental.  Os quadros de destruição e devastação têm o efeito de uma profunda impotência e de uma revolta gigantesca que precisa deixar de ser silenciosa, emudecida.    Comento brevemente o artigo de Nirvia Ravena, publicada na Revista Nexos no qual assinala:

                                           Escolhido também como alvo da desregulação, o meio ambiente no governo atual é um exemplo de distopia. A maneira idiossincrática com que a regulação ambiental vem sendo tratada pelo atual governo revela a inépcia que o caracteriza em todos os setores. Mas em relação ao meio ambiente algumas questões afetas aos processos de regulação e desregulação chamam atenção. Explica-se. As regulações setoriais enquanto processos originados nas esferas das políticas públicas são, na maioria das vezes, dinâmicas onde todos os envolvidos têm ganhos e perdas relativos. O que se está assistindo, desde o ano passado, é um atropelamento dos processos que se dão nas arenas onde os grupos de interesse se encontram, e, na contenda, geram ações regulatórias que atendem em parte aos interessados[1].

Nirvia Ravena sabe como poucos que desempenhar-se profissionalmente na Amazônia coloca fortes desafios: são as problemáticas a construir, as abordagens e opções teórico-metodológicas a incorporar.  De fato, as encruzilhadas estão escancaradas, entendidas como ponto crítico de um tempo distópico. 

Quem toma decisões e para quem?  O cerne da política é quebrar radicalmente as forças que negam a vida integralmente,  e no caminho contrário  apostar no ser político; mobilizar-se  na defesa intransigente e  praticar a “partilha do sensível” – essa espécie de forma a priori da subjetividade política, uma distribuição conturbada de lugares e ocupações, um modo negociado de visibilidade que “faz ver quem pode tomar parte no comum em função daquilo que faz, do tempo e do espaço em que essa atividade se exerce” (p. 16).   

E por não ser trivial esse tempo da política, da política ambiental, areia de tensões e conflitos da política pública no Brasil e no mundo  celebramos  que pesquisadores  se posicionem  diante das  encruzilhadas e eventos politicamente ameaçantes para os direitos e democracia no Brasil.

 

Rosa Acevedo

 


[1] Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/ensaio/debate/2020/A-política-ambiental-brasileira-sob-ataque-um-palco-de-violências

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